VIDEO ELTON JOHN CROCODILE ROCK ROCK INRIO LISBOA

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22h53 - A BLITZ subiu até ao espaço Electrónica para espreitar o DJ set de Jamie Smith, dos britânicos xx, mas acabou por encontrar escrito nos ecrãs por cima da cabine o nome DJ Henrik... O sortudo que venceu o DJ contest do Rock in Rio. O novato teve honras de abertura daquele espaço, mas à hora a que a BLITZ lá passou a tenda estava praticamente vazia. Talvez porque Elton John entrara há pouco no Palco Mundo, talvez porque as pessoas esperavam ver "Jamie xx" e afinal, à hora marcada, ele não estava lá.

Grande parte daqueles que hoje acorreram ao Parque da Bela Vista estão, portanto, neste momento concentrados frente a Elton John , que vai debitando pedaços de história (da sua e da da música pop) como "Goodbye Yellow Brick Road" (com imagens de Marilyn Monroe em pano de fundo), "Daniel" ou "Rocket Man", sempre, claro, sentado ao inseparável piano.



00h00 - Elton John remata a sua actuação com "Your Song", a canção de 1970 sobre a qual John Lennon disse que era "a melhor coisa desde que nós [os Beatles] acontecemos".


Para trás, um desfilar impressionante de êxitos de 40 anos de carreira, sem pausas para canções menores (excepção feita à hedionda "Sacrifice", de uns penosos anos 80, que - a bem da verdade - também foi êxito).


Elton sabe-a toda e o espectáculo que traz ao Rock In Rio é, aparentemente, simples na estrutura, habilidoso na concretização. Uma voz, um piano (no centro de palco, obviamente), a instrumentação trivial (baixo, bateria, guitarra, outras percussões), projecções vídeo atrás de si. Claro que nada disto resultaria sem as canções que toda a gente conhece de trás para a frente e cujos refrões tem na ponta da língua.



A recepção que o público do Rock In Rio consagra ao bom velho Elton não é, contudo, esfuziante. A euforia juvenil do dia de ontem não encontra aqui paralelo. Quem está para ver Elton quer ouvir os clássicos e o entusiasmo é mais contido, a alegria é mais controlada, há filhos para levar a casa a seguir. Gente adulta, bem comportada, mas com boa memória.

As primeiras projecções mostram Elton com um figurino sóbrio: casaco preto, camisa azul por baixo, óculos escuros. Mas mal se levanta do banco que o senta ao piano, percebe-se que o cantor traz uma capa preta à la Batman com brilhantes nas costas. Mais descansados ficamos.


A banda que o acompanha - um grupo de americanos com idade para ter netos -, não impressiona. A estrela ali é Reg Dwight, o senhor que desde cedo quis mandar o nome verdadeiro às malvas. O início é antológico: "Funeral For a Friend (Love Lies Bleeding)", a suite de abertura de Goodbye Yellow Brick Road serviu de cartilha de intenções - a matéria-prima de Elton não é tão heterogénea com a dos amigos Queen, mas não se pode dizer que o inglês tenha passado a vida a fazer a mesma coisa.

O alinhamento pareceu, de resto, ter uma orientação temática, com enfoque quase absoluto nos anos 70 do século XX em que o músico urdiu os seus melhores trabalhos. "Saturday Night's Alright For Fighting", rock acelerado e gritado com crispação, antecedeu uma visita ao seminal Madman Across the Water , de 1971, com a belíssima "Tiny Dancer" a fazer figura.

Seguiu-se "Philadelphia Freedom", proto-disco sound fervilhante, e "Goodbye Yellow Brick Road", esplêndida canção com tudo no sítio. Perdoamos-lhe o arranjo "karaoke" de "Daniel", prova de que os sintetizadores não devem bater à porta quando há um piano na sala.


Por esta altura percebemos que Elton John, não tendo a ginástica vocal de outros tempos, adaptou-se com distinção a um registo mais grave. Os agudos são contornados, os coros surgem na altura certa, o que se perde em frescura, ganha-se em corpo vocal. Só um treino apurado permite que outra enorme canção, "Rocket Man", seja interpretada sem mácula. E aqui o público mexe-se mais, em sinal de reconhecimento.


Para a recta final, não ficaram as sobras. "Don't Let The Sun Go Down On Me" foi um dos momentos mais aplaudidos; "Bernie & The Jets", exigente nas curvas, não lhe saiu mal. "I'm Still Standing", vestígio orelhudo (mas apenas isso) de um início dos anos 80 titubeantes, dá para a encomenda. "Crocodile Rock", regresso aos anos 70, põe a multidão a retro-dançar. Para o encore ficou "Candle In The Wind", canção que o alinhamento não previa mas que Elton não quis deixar ficar no banco de suplentes.


Não teve a estampa de Paul McCartney em 2004 no mesmo local (grande, grande), mas Elton John soube servir a ceia. E, pela debandada a seguir ao seu concerto, percebe-se que a maior parte dos comensais estava aqui para o comer. Longa vida!

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