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terça-feira, 6 de setembro de 2011

INTRODUÇÃO AO MUNDO DE ELTON JOHN JERRY LEE LEWIS

INTRODUÇÃO AO MUNDO DE ELTON JOHN:
JERRY LEE LEWIS

JERRY LEE LEWIS é uma figura muito importante para a criação do
personagem ELTON JOHN.

Deste artista Elton trouxe para sua obra vários aspectos, seja em
tocar o teclado ou criar canções.

Por isso é uma figura que faz parte da criação do personagem ELTON
JOHN


Poucos na história do Rock tiveram uma carreira totalmente situada no
lado de fora dos interesses corporativos. Poucos tiveram culhões para
fazerem o que quiserem sem temer as represálias do público, da
crítica, das gravadoras. Poucos conheceram os dois lados da moeda
chamada sucesso e resistiram a tentação de se venderem para sentirem
uma vez mais o gosto da glória. Poucos sobreviveram ao joie de vivre
do rock, regados a doses generosas de drogas e sexo fácil. Mas apenas
um, caminhou por todos esses caminhos e adicionou algumas pitadas de
morte, prisões, seis casamentos, dois bebês afogados, uma noiva-
criança de 13 anos. Seu nome é Jerry Lee Lewis. Mas também atende
pela alcunha de The Killer. O matador, o assassino, Deus e diabo.

Jerry Lee é o legítimo anti-herói americano. Nasceu em uma
cidadezinha pobre nos cafundós da Lousianna, onde a diversão se
dividia entre trabalhar e ouvir a pregação dos pastores sobre as
armadilhas e os descaminhos daqueles que não seguissem os caminhos do
Senhor. Durante a infância e adolescência, Jerry era muito apegado a
um primo, Jimmy Swaggart.

Aos 21 anos , os dois encontravam-se parados em uma encruzilhada.
Deviam escolher pra que lado direcionar o talento divino que cada um
recebera. O bem ou o mal. Primo Jimmy escolheu deixar propagar o seu
lantente poder de persuasão para indicar aos fiéis o caminho da
salvação. Primo Jerry escolheu ir pra Memphis, Tennessee, oferecer
seu piano frenético a uma nova febre que se alastrava: o Rock'N'Roll,
a música do diabo.

Em termos religiosos, Jimmy escolheu a salvação e Jerry, a danação. O
que o destino lhes reservara, nem mesmo a mente do mais trash dos
escritores poderia criar.

Em pouco tempo Jerry Lee Lewis assinou um contrato com a gravadora
Sun Records, a mesma gravadora de Elvis Presley, Carl Perkins, Johnny
Cash. Bastaram um par de compactos entre 56/57 e tornou-se um
fenômeno, entrando rapidamente nos postos mais altos da parada de
sucessos, aproveitando o vácuo deixado por Elvis, que estava servindo
o exército americano.

Mas o piano infernal de Jerry Lee era muito mais perigoso e nociso
para a sociedade america do que o rebolado, a voz negra e a rebeldia
controlada de Elvis. Jerry Lee condensou em clássicos como Great
Balls of Fire, e Breathless, por exemplo, a energia negra, o compasso
erótico das joints negras mais o seu canto maldito, mezzo orgásmico,
mezzo religioso. Ao mesclar Deus e o diabo num ritmo alucinante e
pornográfico, Jerry Lee colocou uma chaga bem no meio do coração do
moralismo americano. Era difícil para o conservador way of life
americano digerir o impacto da música demoníaca de Jerry Lee Lewis.

Excelente músico, Jerry foi um dos primeiros a adotar arranjos
pentatônicos ao piano e, sempre, solava em escalas cromáticas de meio
tom, o que causava perplexidade aos pianistas.

Ele era o espírito mais adolescente dos roqueiros da época. O ícone
perfeito para uma juventude desacreditada e disposta a viver
intensamente sob o constante risco de uma bomba-atômica explodir
sobre suas cabeças a qualquer momento.


O aspecto desamparado e a figura permissiva de Jerry ajudaram a criar
o aspecto de anti-herói perfeito. Incendiar pianos em pleno palco, ao
vivo no horário nobre era moleza. Chegou a ser preso na casa de Elvis
Presley em Memphis, depois de tentar invadi-la, de madrugada, porque
pressentiu que Elvis estava se sentindo sozinho.

Porém, em 1958, num ato que para ele era totalmente natural, Jerry
Lee casou-se com Myra Brown que, além de prima, tinha treze anos e
era a sua terceira mulher.

Era o trunfo crucial para a sociedade americana detonar Jerry Lee
Lewis. Condená-lo às chamas do inferno. Em questão de meses, caiu no
ostracismo, bebendo compulsivamente e tocando em feiras agro-
pecuárias em troca de mixaria. A partir daí, sua vida e sua carreira
foram ditadas pelas imprecações de quem escolhe o seu próprio
caminho. Prisões, arruaças, porres, doenças, mortes.

Rápido e rasteiro: o filho nascido de sua união com Myra morreu
afogado na piscina de sua casa; sua duas primeiras mulheres morreram
sob circunstâncias misteriosas – ficando, em tese, praticamente
provado que ele matou pelo menos uma - ; atirou e matou o baixista de
sua banda logo após uma apresentação; tentou uma infrutífera carreira
country nos anos 70 e depois sumiu de vez. Casou-se mais três vezes e
foi dado como condenado depois de uma úlcera perfurada.

Em 1989 voltou a ser sucesso com o lançamento do filme Great Balls Of
Fire/A fera do Rock. Um bom filme sobre a história de Jerry Lee e do
próprio Rock.

Em 1993, o Killer passou pelo Brasil. Completamente bêbado no Jô
Soares Onze e Meia, não consegui nem dar entrevista, apenas sentou-se
no piano e martelou Whole Lotta Shakin Goin On. Histórico. Tocou no
Palace durante meia-hora, depois – bêbado – encheu-se e foi embora
para desespero do elitista público paulistano.

Primo Jimmy Swaggart também teve uma emblemática e sinuosa carreira.
Tornou-se pregador símbolo da América e rei dos televangelistas.
Alguém aí não se lembra do figura pregando a palavra todas as manhãs
de Domingo nos anos 80, via TV Bandeirantes?

No entanto, para manter o estigma da família, primo Jimmy também caiu
em desgraça: tinha como vício pagar prostitutas para estimular a sua
masturbação. No auge do escândalo, Jerry Lee declarou: "Não sei
porque estão fazendo isso com Jimmy. Se ele pecou, pecou com ele
mesmo. Ninguém tem nada com isso. Um homem tem que se satisfazer,
oras!"

Êxtase, erotismo, bebedeiras, assassinatos, ritmos alucinantes. A
vida e a obra de Jerry Lee Lewis não tem fim. A lenda, o mito, a sua
história se confunde com a própria história do Rock e escancara o
coração negro da América profana. Um homem que é Deus e o diabo. Bem
e mal. Uma vez, perguntado se acreditava em destino, respondeu:

"Eu acredito em Jerry Lee Lewis. E em Deus Todo Poderoso".


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