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Biografia Elton John

Biografia Elton John
A trajetória da carreira de Elton John em capitulos

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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Elton John Leon Rusell um Oceano de distância

15/01/2011 - 15:18 | Pedro Alexandre Sanches | São Paulo

Havia um Oceano Atlântico de distância entre eles dois

http://operamundi.uol.com.br/opiniao_ver.php?idConteudo=1351


Reprodução

The Union, de 2010, uma parceria que marca o retorno de Leon

Leon Russell, norte-americano nascido em 1942, atravessou a década de 60 como exímio músico de estúdio, presente em gravações para lá de históricas, ao lado de nomes como Jerry Lee Lewis, Bob Dylan, Phil Spector, Beach Boys e Rolling Stones. A partir de 1970, lançou discos individuais moldados em rock’n’roll, country, blues e gospel. Mas foram vozes outras que fincaram para sempre no cancioneiro pop dos Estados Unidos suas A Song for You (gravada por Cher, Carpenters, Willie Nelson, Aretha Franklin, Temptations e dezenas de outros), Superstar (Joe Cocker, Carpenters, mais recentemente Sonic Youth) e This Masquerade (Aretha Franklin, Carpenters, Sergio Mendes, George Benson).

Elton John, inglês nascido em 1947, deslanchou carreira solo em 1969, para se tornar, ao longo da década seguinte, o artista mais popular do Reino Unido e, possivelmente, do mundo. A sequência de hits melódicos, às vezes xaroposos, foi fulminante: Skyline Pigeon (1969), Your Song (1970), Rocket Man (1972), Crocodile Rock, Candle in the Wind, Bennie and the Jets e Goodbye Yellow Brick Road (1973), Island Girl (1975), Don’t Go Breaking My Heart,Crazy Water e Sorry Seems to Be the Hardest Word (1976), Blue Eyes e Empty Garden (1982), I Guess That’s Why They Call It the Blue (1983), Sad Songs (1984), Nikita (1985)...


No encarte de seu mais novo álbum, Elton conta que em 2009 pegou-se chorando convulsivamente ao ouvir um disco antigo de Leon. Ato contínuo, procurou saber por onde andava aquele artista tão peculiar, e a busca culminou nesse The Union, um CD inteiramente gravado em dupla, que marca o retorno de Leon às águas do chamado mainstream, devidamente paramentado com seus habituais cabelos e barbas brancos e longos.



Elton revela que, à parte o oceano de distância, Leon sempre foi um de seus heróis musicais – “foi minha maior influência no final dos anos 60 e no início dos 70, do ponto de vista do piano e dos vocais”, afirma. Deu-se com ambos uma história mais que comum no mundo da música. Inicialmente era Elton que seguia as pegadas de Leon, como pianista, melodista, cancionista. Mas foi o pupilo que ganhou o mundo, enquanto o influenciador pouco a pouco submergia. O resgate de um Leon Russell um tanto debilitado é, portanto, mais que um tributo prestado por Elton John. É um acerto de contas, tão justo quanto raro (apesar de Elton soar ríspido no encarte, quando trata Leon como “alguém voltando não da morte, mas quase da morte”.

O tratamento de gala ao ídolo caído é dado também por outros nomes míticos daquela geração, que unem-se ao condutor Elton John no esforço recompensador: o produtor T-Bone Burnett, o músico soul Booker T. Jones e, em participações especiais, Neil Young (em Gone to Shiloh) e Brian Wilson (em When Love Is Dying).

O encontro não é gentil para com anfitrião. Em vez de rejuvenescer o combalido pioneiro, Elton é que soa também debilitado na presença de Leon. Mas que não se atribua à proximidade do senhor de barbas brancas a voz cansada do amigo da princesa Diana – não é de hoje que também o discípulo deixou de surfar nas cristas das maiores ondas. Fragilidade por fragilidade, The Union faz-se um trabalho de profunda tristeza, perceptível desde os títulos (There’s No Tomorrow, I Should Have Sent Roses, When Love Is Dying e In the Hands of Angels), até a textura esfumaçada das próprias canções.

A melancolia e o desalento, no entanto, ultrapassam os currais respectivos dos dois artistas e extravasam no forte simbolismo provocado por Elton, do reencontro ultramarino, de papéis invertidos, entre um porta-voz musical jovial do país ex-colonizador e um anjo caído da ex-colônia que ficou mais famosa e inchada que a terra velha. A vontade de olhar para além do horizonte marítimo deve querer dizer algo mais que o mero confronto entre dois respeitáveis senhores.

*Pedro Alexandre Sanches é jornalista e crítico musical. Escreve no Opera Mundi e no seu blog pessoal.

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